Petronio Junior
3 min readMay 30, 2020

O RACISMO É UM ASSUNTO MUITO SÉRIO

Quando digo sério, isso envolve sua extensão, sua delicadeza, sua complexidade e profundidade e por isso não pode ser banalizado, ignorado ou esquecido.
Sou filho de mãe branca e pai preto, sou o que a certidão traz como pardo, mas no enquadro policial conhecido como neguinho. Quando serve pra me colocar num padrão de beleza sou contado com os morenos e por ai vai.
Sou um jovem criado na zona leste de São Paulo, minha familiaridade com a cultura de rua e da favela nunca foram um problema pra minha identidade. Na minha família de parte branca nunca fui tratado com diferença por ser um pouco mais escuro ou na minha família parte negra também nunca fui tratado com diferença por ser um pouco mais claro, pelo contrário, sempre houve estímulo para se aprender sobre ancestralidade e percepção de se posicionar na sociedade estudando e respondendo com educação.

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Faço parte de uma denominação que é predominantemente branca e isso as vezes dificulta em pequenos aspectos culturais apenas, inclusive, já ouvi coisas preconceituosas a respeito do meu cabelo por exemplo que tolero com sabedoria, mas vejo uma doença sobretudo pecaminosa chamada racismo.

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Quando falo que o racismo é sério, é porque me indigna ver um casal branco, por exemplo, chamando-se um ao outro de preto(a), nego(a), como se isso fosse maneira carinhosa.. O racismo é tão sério, que tem gente que brinca com o assunto e o banaliza como se fosse algo tão simples de conversar "sou negro, o bisavô do meu vô era negro" - "ah eu não sou racista, tenho amigo negro".

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Pra caminhar pra conclusão, o racismo é um assunto tão sério e tão profundo que tem gente morrendo por simplesmente ser negro, só isso. Isso pra alguns já é o suficiente para ser contado como marginal, imoral ou criminoso. É um assunto muito sério que envolve dívida histórica, apropriação cultural e outras coisas.
Mas eu sou acima de qualquer pigmentação de pele, com muita ou pouca melanina, alguém pelo qual Cristo preencheu e ressignificou a minha existência. Alguém que luta por qualquer tipo de justiça e que abomina qualquer tipo de preconceito, porque Deus não tem uma raça predileta, ou uma cultura favorita, ele é tudo em todos, criador de todas as coisas e seres humanos. Ele gosta de cores, risos, cheiros, sabores, sons e acima de tudo vida e paz. Tenho fome e sede de justiça, contudo não sou justiceiro, pois "a ira humana não produz a justiça de Deus" (Tiago 1:20).

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A Igreja, então, não pode fazer vista grossa com relação a esses assuntos. A sociedade quer respostas, e nós somos portadores da maior de todas as respostas que a humanidade precisa. Não podemos tratar com despreso e achar que só pecados de imoralidade sexual é que são os piores. Denuncio sempre a incoerência, isso cabe dentro da caixa da injustiça.
O maior diálogo racial dos EUA, que transformou a estrutura social do país, começou em um púlpito de igreja com Martin Luther King Jr.
Veja só escrevi muito e falei pouco, tamanha é a seriedade, extensão e complexidade do assunto.
Mas eu ainda luto sobre essas coisas, com outras armas, de outras formas e me posiciono diariamente, debaixo das orientações de Cristo com temor e propósito.

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Um dia eu sei que haverá uma terra onde a justiça eternamente existirá por causa de Cristo Jesus e, não por causa de qualquer outra ideologia que acreditemos. Aqui tudo é falido e acaba. Ódio gera ódio, mas, amor gera amor.
Pare de brincar com assunto sério. Relativizar não é o remédio. Confrontar a injustiça sempre glorifica a Deus.

Petronio Junior

Marido de Tuanny e pai do Ben. Pastor na Igreja Presbiteriana do Brasil e corinthiano. Tudo isso pela graça de Deus